9.15.2008

Tertúlias virtuais "SOLIDARIEDADE" Não gostei do tema. A palavra soa-me desafinada, surgindo-me outras como obrigação, caridade, moralidade. “Faz de conta” o Máximo apodera-se da casa do Simplício, este forçado a sair do seu lar indo parar debaixo da ponte, estando ao frio e ao vento, perdido no vagar do tempo. O Máximo ficando entristecido de ver o desgraçado Simplício dormindo na rua, por solidariedade propôs-lhe um aconchego no quarto dos fundos da sua nova casa.” Pesquisei dicionários, incluindo no wikipédia (Francês/português) o significado desta palavra, e após várias conversas com alguns amigos, fiquei ainda mais desiludida.
..............................--------------------"---------------------- Hipatia a dit... Vem do latim "solidu" (sólido) e lembra-me sempre um paralelepípedo, um calhau como outro qualquer a invocar sempre que dá jeito e se tenta mascarar um qualquer interesse de boa-vontade.Mas também foi o nome de um Sindicato lá na Polónia que nos fez sonhar, bem antes de cair qualquer pedrinha do Muro da Vergonha, que, por lá, ainda haveria um dia em que as coisas podiam ser diferentes.
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Participação da Gená F DA COMPETIÇÃO À COOPERAÇÃO: UMA EVOLUÇÃO INDISPENSÁVEL A NOSSA SOBREVIVÊNCIA E PAZ 1. A COMPETIÇÃO: Em todos os domínios da nossa existência ocidental, assistimos a infinitos jogos de poder, resultados de uma competição desenfreada: cascas de banana, passar a perna, olho gordo, pular carniça, jogo de cotovelo, briga de galo são entre outras, expressões populares da competição ou de comportamentos competitivos. Na cultura brasileira que é uma cultura de paz, a competição está se instalando trazida pela perspectiva industrial euro-centrada. No Brasil ainda subsiste o espírito do mutirão, a solidariedade da favela e o amor do abraço. O espirito da cooperação ainda está muito presente no Brasil; mas está sendo destruído por uma educação altamente competitiva. Vamos examinar quais os inconvenientes e vantagens da competição e cooperação. No plano individual se sabe que a competição gera a úlcera duodenal e o enfarto do miocárdio, doenças dos executivos. É verdade também que as competições esportivas aumentam a musculatura do corpo e podem contribuir para a saúde. Mas são elas indispensáveis para isto já que se observa pessoas fazendo cooper sem nenhum espírito de competição? No plano emocional, observou-se que os jogos competitivos incentivam o orgulho de vencer, o egoísmo de ser o único a se sobrepor, e que gera o ciúme e a inveja dos vencidos. Na escola, na vida empresarial no serviço militar e entre irmãos em famílias que cultivam comparações fraternas, isto é um fato. A única vantagem emocional é o prazer efêmero da vitória, prazer aliás insaciável, que vicia as pessoas em repetir competições até o fim da vida. No plano mental, a competição gera idéias de dominar, de autocracia, sem contar o fato de criatividade se colocar a serviço das idéias de trapaças, de espionagem, de enganar e dissimular. É verdade que a competição escolar e universitária estimula a aprendizagem. Mas será que o preço pago compensa os sistemas educacionais competitivos? Sabe-se que o sentimento de vencer a si mesmo é também um grande estímulo sem necessitar a competição. A competição no plano da mente, provém, de uma percepção ilusória de separação sujeito objeto, "eu" e o "outro"; pelo sentimento de superioridade ela reforça ainda mais esta miragem, esta fantasia da separatividade. Na área da sociedade, a competição cria um ambiente espiritual bastante pesado e denso. No plano da economia, o espírito de competição virou o lema do neo-capitalismo que reza por mercados competitivos e empresas competitivas. Esta mentalidade é responsável indireta e subconsciente do hiperconsumo que gera a destruição da vida no planeta. A competição econômica, através do desemprego está criando gerações de excluídos vivendo numa miséria intolerável. A competição entre mercados nacionais é um dos fatores gerando bem conhecidos de guerras, sem falar da desonestidade da espionagem econômica. No plano da vida sócio-política a competição entre partidos políticos e ideologias religiosas é um dos grandes fatores geradores de conflitos violentos e de guerras civis ou internacionais. Estas competições ideológicas tendem a estabelecer ditaduras e oligarquias. Certas ditaduras como a nazista, contribuiu pelo aumento planejado da população germânica, para ter mais combatentes para a guerra. Os partidários deste tipo de competição afirmam que as sociedades competitivas e os mercados competitivos são os que sobreviveram e que a competição entre empresas aumenta a população e melhora a qualidade dos produtores e serviços. No plano cultural dos valores éticos, a competição gera uma cultura de trapaça, jogos de poder, esperteza, desonestidade, fraude e corrupção. A fantasia da separatividade se torna um consenso; todo mundo acredita em separatividade e separação entre disciplinas científicas. Os partidários da competição afirmam que ela estimula o progresso cultural e científico. Mas será ela o único estímulo existente para este fim? Enfim na área do meio ambiente, a competição é responsável pelo suicídio coletivo da humanidade e pela destruição definitiva das espécies vivas, resultado de grande parte do processo que descrevemos mais acima. Os partidários da competição faz parte da ordem natural: cadeia alimentar em que todos os seres vivos se consomem entre si, competição dos machos pela posse da fêmea, observações teológicas de Konao Lorenz do aumento da agressividade e violência quando a densidade populacional aumenta. mas será que a natureza do homem não é justamente de transcender a sua própria constituição instintiva animal, cultivando os altos valores construtivos entre os quais a cooperação? É o que vamos examinar a seguir: 2. COOPERAÇÃO Vimos o quanto a competição é nociva e destrutiva em todas as áreas e níveis da atividade humana. O número e intensidade dos seus inconvenientes é muito maior que as suas vantagens, as quais se limitam ao fomento da produtividade e qualidade de bens de consumo e serviços e a aprendizagem na educação. Vimos que o preço é alto e que há outros meios de conseguir estes resultados. Vamos agora verificar que no caso da cooperação, só existem vantagens em todas as áreas e níveis considerados anteriormente para a competição. Na área individual, a cooperação gera um estado físico de saúde estimulando um funcionamento glandular harmonioso pois gera sentimentos e emoções altamente construtivas tais como o amor, a compaixão, a alegria e a equanimidade; as gera ou resulta delas. No plano da mente, a cooperação estimula a dissolução da dualidade que se opõe o "eu" e o "outro". Na cooperação há momentos em que se constata que só há um espírito o qual é integrado pelos espíritos individuais em aparência separados. Vamos agora passar a considerar a área da sociedade, começando pela economia. No nível internacional a criação de empresas multinacionais tendem a reforçar os blocos econômicos e transnacionais, tornando as guerras uma ameaça a sua própria existência. Mesmo a competição entre os blocos econômicos já começam a serem substituídos por esforços de cooperação. O termo parceria virou até moda nos meios empresariais. Começam a aparecer iniciativas ainda inconcebíveis há uma década atrás; carroceria de uma empresa equipada com motor de automóvel de outra empresa. No plano das microempresas, cooperativas criam união provocada pela cooperação facilitando o escoamento dos produtos. Existem até redes de empresários cujo objetivo é, através da cooperação evitar a destruição da vida no planeta e preservar o meio ambiente. Afim de evitar o hiperconsumismo, surgiu nos USA, um movimento espontâneo de simplicidade voluntária; milhões de norte-americanos reduzem voluntariamente o seu consumo de roupas, móveis de madeira, sapatos, gasolina etc. Tanto nas empresas como nas escolas, está se desenvolvendo jogos cooperativos. Estes jogos permitem experiência como a cooperação. Eis por exemplo o que Guillermo Brown, no seu livro "jogos Cooperativos" observou quanto as reações dos mesmos jogadores, no mesmo jogo, apresentado sucessivamente de modo competitivo e cooperativo. FORMA COMPETITIVA: individualista participação limitada desordem ganhador-perdedor desunião trapaça-esperteza frustrante limitante repúdio conformismo FORMA COOPERATIVA: "o jogo sou eu" grupal todos participam organização todos ganham união honestidade reconfortante amplo acolhida-confiança desafio coletivo "o jogo somos nós" No Brasil há uma prática que faz parte dos seus hábitos de Cultura de Paz: é o mutirão. Mutirão é uma palavra mágica; todo mundo se precipita para cooperar nas colheitas entre fazendas. A grande educadora Helena Antipoff, usava o mutirão da colheita do milho, educando os professores rurais, através da festa do milho, para desenvolver o espírito de cooperação. Vamos agora examinar a cooperação na Natureza. O espírito de mutirão existe até em animais; basta lembrar as migrações de pássaros, a construção dos ninhos, os formigueiros e as colméias de abelhas. Estas últimas são até citadas muitas vezes como exemplos de sociedade cooperativas. A cooperação é realmente programada, faz parte da informática da natureza. pode se dizer o mesmo da comunicação musical entre animais que é também um modo de cooperação. Podemos até nos perguntar até que ponto a cadeia alimentar evocada como exemplo de competição, não seria, visto de um plano de preservação do todo, como uma forma de cooperação (forçada...) para a preservação deste? Assunto para reflexões e controvérsia. Convém ainda assinalar, no plano da cooperação para a preservação da vida, o respeito que tem os animais que nunca atacam um outro animal indefeso da sua espécie: há o caso do lobo que mesmo numa luta pela fêmea, nunca ataca um lobo ferido e caído no chão. É sabido que a melhor forma de se defender contra o ataque de cachorros agressivos é deitar no chão. Mostramos as vantagens e inconvenientes da competição. Quanto a cooperação, tudo indica que ela só tem vantagens. Deixamos ao leitor o julgamento final... Por:Pierre Weil

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14 commentaires:

Isabel Filipe a dit…

interessantes palavras e que nos deixam a pensar.


gostei.

Anonyme a dit…

Claire,

seu amigo Jorge não tem nada haver com a escolha do tema! É toda minha a responsabilidade este mês! Fizemos um acordo, cada mês o TEMA é escolhido por um. E explico o porque desta escolha: a TERTÚLIA desde ha alguns meses adotou o dia 15 do mês para postarmos numa coletiva! Hoje em dia tem coletivas de segunda a sexta e em alguns casos muitos dias do mês já estão ocupados!Mas nossa amiga Odele, que tem uma filha em COMA há anos resolveu fazer sua coletiva em FAVOR À JUSTIÇA para a menina Flávia exatamente no dia 15. Estabeleceu-se um impasse, pois a mairia dos amigos da Tertúlia são amigos da Odele! Para resolver essa delicada questão, sem dividir, sem gerar maiores dores para a mãe tão sofrida, resolvi adotar este tema, que permite a um só tempo participar da Tertúlia e da campanha da Odele!Esta a razão da escolha de SOLIDARIEDADE, que sem todas essas razões estaria propenso a pensar como você! Agradeço muito sua participação e coragem de ser absolutamente franca!

Bjs

Claire-Françoise Fressynet a dit…

Eduardo, não ter gostado do tema foi um desafio muito interessante.

Francisco Castelo Branco a dit…

Acho que definir a solidariedade é subjectivo...

Por isso é que é dificil falar no tema..

Jorge Pinheiro a dit…

Ainda bem que não gostaste da palavra. Eu também não. Mas o conceito, que transcende a caridadezinha, é cada vez mais importante. Um dia destes vai ficar mesmo institucional. Ai de quem não pratique solidariedade!

Luma Rosa a dit…

O significado da palavra realmente não é bom, melhor que ela não existisse, mas que tal dar novo significado à ela? Distribuir sorrisos por exemplo, faz bem ao próximo e faz bem à nós. Beijus

Hipatia a dit…

Vem do latim "solidu" (sólido) e lembra-me sempre um paralelepípedo, um calhau como outro qualquer a invocar sempre que dá jeito e se tenta mascarar um qualquer interesse de boa-vontade.

Mas também foi o nome de um Sindicato lá na Polónia que nos fez sonhar, bem antes de cair qualquer pedrinha do Muro da Vergonha, que, por lá, ainda haveria um dia em que as coisas podiam ser diferentes.

Silvares a dit…

A solidariedade não é uma palavra. A palavra "solidariedade" não significa nada se não sentirmos uma coisa (aquela coisa) dentro de nós. Uma coisa que não tem palavra, nem tem forma, nem tem nada. Aquela coisa que é ser-se humano (ser humano), uma coisa! Pronto. É a coisa que nos permite sentir que de facto merecemos andar empinados, apenas, nas patas traseiras.

Anonyme a dit…

Claire

O tema é interessante porque conseguimos saber o que cada um pensa acerca do assunto, pois ele é polémico e por todas as voltas que dei por aí (ainda poucas) reparei que todos vamos dar ao mesmo sitio.
É uma palavra FORTE que para uns significa muito e para outros não quer dizer absolutamente nada.
No fundo tens razão, é
difícil gostar de uma coisa que cada um pensa e sente a respeito.
Parabéns pelo que falas
Beijos

Só- Poesias e outros itens a dit…

Adorei a sua sinceridade.
Solidariedade como palavra anda gasta, sem vida, sem empenho.



bjs.

JU Gioli

Anonyme a dit…

É engraçado... Nesta tertúlia não participei porque o tempo também andou muito apertado por estas bandas... mas confesso que o tema, a tal palavrinha "Solidariedade" não me inspirou... Ou seja, fartei-me de pensar em algo que fosse louvável mas que não soasse a falso, a hipócrita, a "fogo de artifício", a "... para inglês ver", a "frívolo"... Acredito em SOLIDARIEDADE mas é coisa que mais facilmente faço quando acho necessário ou sinto essa vontade... é coisa difícil de retratar... Faz parte do "bem que se faz e que não se deve enfatizar em proveito próprio". É uma palavra para sentir com o coração e não para pronunciar. É mais ou menos assim que a sinto. Bem hajas pela tua sinceridade.

Beijocas

Claire-Françoise Fressynet a dit…

O Silvares, levas um beijo solidário para o caso de amanhã precisar que me dês outro, este fica nos meus cálculos.
A Isabel ao Eduardo ao Francisco ao Jorge a Luma a Ashera a Ju a Sara e a Hip, dou beijos e sorrisos com o pulsar do coração.
Hip as tuas palavras são perfeitas e claras.
Estou muito curiosa de dar uma volta pelos blogs, o tempo aperta mas lá irei.

Jorge Pinheiro a dit…

E a Exposição...?

Ví Leardi a dit…

Claire ,chego mais do que atrasada ...mas adorei esta tua tão acertada reflexão sobre este tema tão complexo...Obrigada pelo "mais que um beijo" o mesmo para vc ...e que prazer esta música com nosso divino Caetâneo....um ótimo fim de semana!