5.03.2009

O meu corpo

Quando acordo
encho-me logo
com o fresco da manhã.

Brinco todo o dia
com o meu corpo.

Salto,
corro e bebo água em grandes goles
sentindo-a rodopiar dentro da barriga.

Trago sempre o meu corpo comigo
e a sua sombra, também.

Mas é à noite,
quando toda a casa está em silêncio
e o meu gato
dorme enroscado aos meus pés,
que me lembro Dele.
Sim!
Do meu corpo!

Deitado na cama
sinto o coração bater de mansinho:
escuto-o com a minha mão.

O meu peito
sobe e desce
a cada respirar:
até parece uma borboleta batendo asas.

Então,todas as pequeninas coisas
que compõem o meu corpo,
aconchegam-se
antes de adormecer.


Nota: Poema/desafio de Miguel Horta, criado para as oficinas complementares à
exposição de Rebecca Horn, “Bodylandscapes” (Centro de Pedagogia e Animação –
Centro Cultural de Belém) 2006

arquivos da Voz em fuga

2 commentaires:

Jorge Pinheiro a dit…

Belo poema. Gatos é bom!

Anonyme a dit…

Gostei do corpo! De gato não gosto!