Seguindo o fio da
respiração.
Claire Fressynet
Na biblioteca da
junta de freguesia da estrela.
04\05\2017
Vejam como eu
respiro. Um fio de ar que é simultaneamente um traço. Todo o corpo entra na
construção do desenho ganhando forma sobre a folha de papel. Cada imagem
desenhada é como uma posição do corpo. Será que tudo isto é um yoga de papel,
frágil e subtil?
Recomecemos… Costas
direitas, olhos fechados, ainda sem desenhar. O corpo dá o sinal de partida e a
mão ensinada repete a forma, traçando. O tempo faz parte do desenho, sem
pressa, adivinhando contornos.
Inspira, expira. Lá
vai a mão, segurando o pincel, inscrevendo. A invenção de novos caracteres que
falam da presença do corpo…o corpo da artista. Talvez uma escrita coreográfica…
Nova respiração. A
mão paira sobre o papel de arroz sem lhe tocar, num movimento antigo, ágil e
continuado. As formas que vão surgindo em sequência parecem iguais. Mas não o
são. As ondas do mar nunca rebentam da mesma maneira sobre a areia. O nosso
corpo nunca é exato na repetição do gesto.
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